Qual é o caminho para o amor desabrochar?

Sandra Tello Bohorquez
4 min readJan 3, 2023

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Rosa vermelho, o símbolo do amor

Dificilmente lembro quais foram os meus desejos na virada do ano anterior, mas neste ano lembrei, que uma das coisas que eu desejei com muita fé, foi olhar para os meus relacionamentos.

Este tema tornou-se crítico depois de ter atravessado dois anos de pandemia. Em 2020 parei de entrevistar pessoas para meu projeto, assim como as viagens que fazia com frequência e, em 2021 passei mais de nove meses reclusa enquanto escrevia um livro.

O ano de 2022 praticamente me empurrou para que eu saísse dessas quatro paredes, eu precisava muito voltar para a rua, retomar o contato com outras pessoas, tocá-las, abraçá-las e olhá-las nos olhos enquanto ansiava por descobrir coisas novas.

Ao voltar notei que eu tinha mudado muito, estava sensível e mais seletiva, me vi mais observadora, introspectiva e focada em temas que realmente me interessassem, consequentemente a vontade de sair por sair já não encontrava espaço dentro de mim.

Claro que isso me causou muita inquietação, era como abandonar algo e ainda não ter com que substituir. Sabe como é que é?

Me vi num corpo que precisava não só mover-se, mas também, expressar-se.

No mar, onde tinha começado a nadar no final de 2021, fui desafiada diariamente a enfrentar meus medos, a me manter presente e observar que tudo está em constante transformação. Vivenciei o medo de ser deixada para trás nas águas mais profundas, lembrando-me da velha sensação de abandono que trouxe da infância. Curti estar com um grupo de pessoas que chegavam e iam embora com uma certa normalidade, sem apegar-me ou abrir mão dos limites do meu próprio espaço. Encontrei uma coragem que acreditava não ter e compreendi que todos temos medo, que todos os que estavam ali também sentem medo, mas o enfrentam e saímos juntos dessa zona de conforto.

Foi literalmente uma braçada a cada dia.

Diante do movimento que meu corpo ansiava, me vi novamente nas danças circulares, de mãos dadas e em silencio, dancei com homens e mulheres, coreografias de povos tradicionais de vários cantos do planeta. Este movimento me levou para as ilhas de Creta, Rhodes e a cidade de Atenas na Grécia onde aquela intenção de olhar para os relacionamentos ganhou uma nova dimensão: a experiência espiritual.

Agora eu era um corpo em relacionamento afetivo, de cuidado, de permissão e prazer.

Bromélia, a luz divina

A lentidão com que a vida às vezes passa no cotidiano, despertou-me para uma realidade silenciosa que antes era imperceptível para mim: o diálogo constante com a natureza e os objetos que me rodeiam.

Passei a pintar em meditação, a criar arte com coisas muito simples, como cascas de comida, flores, sementes e até café. Este encantamento me levou para o curso de Arte e Magia onde aprendi sobre oráculos, a conexão entre sonhos, frases de livros e as inúmeras manifestações do corpo. Me apropriei de um dom intuitivo que desconhecia, passei a ler e flexionar as cartas do baralho que eu mesma fiz a partir de imagens que vinha registrando e guardando desde setembro de 2019, com o último gole do meu café.

É o relacionamento do meu corpo com o divino, sem críticas ou expectativas, permitindo fluir de dentro para fora.

Reconexão — Oráculo Ultimogoledecafe

Sou natureza e quanto mais me relaciono com ela, mais valorizo minha essência e tomo consciência das minhas escolhas.

Camomila, o feminino em mim

Meu jardim agora abre-se em flor e tenho a mesma sensação que tive na cidade de Atenas antes de partir, quando senti no corpo e na alma o amor voltando; o amor das relações, o amor dos vínculos, o amor que nasce do cuidado, da atenção, da contemplação e da certeza que, para toda intenção existe um caminho que precisa ser percorrido, dentro e fora da gente.

É o mistério do ano novo que começa, impregnado de rosas vermelhas, do cravo do mato que este ano veio em par, da bromélia amarela e da suavidade da pequena camomila que chegou no meu jardim sem avisar.

Jasmim-Manga rosa, os aromas

Feliz 2023 para todos!

Desejo, que o amor encontre seu coração aberto em flor!

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Sandra Tello Bohorquez

Escritora, psicogenealogista, empreendedora, criadora do Projeto Amaridades e co-criadora do projeto Construindo Movimentos